David Bowden (City University London) publicou há já algumas primaveras um extraordinário trabalho sobre “digital literacy”.
‘A alfabetização digital tem que ver com o domínio das ideias, não das teclas’
Esta frase de Gister (1997) resume estupendamente este trabalho. Em definitivo, creio que a mensagem central desta análise é que o conceito de alfabetização deve:
– Compreender-se desde uma perspectiva mais ampla e complexa.
– Não se limitar ao uso de uma tecnologia em particular.
– A ligação de significados e a componente contextual jogam um papel estratégico.
A análise revê uma série de alfabetizações e nomenclaturas. É uma série de alfabetização(ões) com apelido. Alfabetização Informacional, Alfabetização Tecnológica, Alfabetização Digital, Alfabetização em Rede, Alfabetização Bibliotecnológica/Livraria, Alfabetização Mediática (‘mediacy’), entre outras. Sem dúvida, o importante é que dê conta da necessidade de desenvolver competências orientadas para a construção de conhecimento; a pesquisa em informação; a navegação por hipertexto; e a capacidade de avaliar conteúdos.
Parece-me que o que os postulados da partilha somam, especialmente em relação à capacidade de partilhar informação e conhecimentos, é um aspecto imprescindível. Não é má ideia fazer-se a pergunta: Quando alguém partilha tudo o que sabe, aprende, estuda, escuta e pensa? Como e de onde?
Gostávamos que estas fossem algumas das destrezas que estimulassem os contextos de aprendizagem, tanto formais como informais. Todas elas, para deixar de entender que o desenvolvimento de competências informacionais NÃO está limitado ao uso de dispositivos tecnológicos (ou de teclas, como diria Gister).
‘O que se exige não é um novo programa de estudos, mas sim, uma reestruturação do processo de aprendizagem… baseado nas fontes de informação disponíveis para que as pessoas o utilizem já de forma permanente na aprendizagem e na resolução de problemas”.
O texto de Bawden é uma mini-enciclopédia de conceitos satélites à volta das alfabetizações. Aqui fazemos uma breve nuvem de tags (como a que criámos para e-competências) mas especificamente centrada nas destrezas relacionadas com a alfabetização informacional:
* Aceder, avaliar e utilizar a informação;
* Reconhecer a necessidade de informação;
* Identificar a informação necessária para responder a cada problema particular;
* Encontrar a informação que se necessita;
* Avaliar a informação encontrada;
* Organização da informação;
* Uso eficaz da informação para resolver o problema específico;
* Formular perguntas baseadas nessa necessidade de informação;
* Identificar as fontes potenciais de informação;
* Desenvolver estratégias de pesquisa com êxito;
* E, uma das mais difíceis na era da infoxicação (em vez de discriminar) é integrar a informação nova numa área de conhecimento ou contexto específico.
’Graças à ciência e à tecnologia, o acesso a todo o conhecimento factual aumenta de forma exponencial enquanto que o seu preço decresce. Está destinado a ser global e democrático. Rapidamente estará acessível em qualquer sítio, em qualquer televisão ou ecrã de computador. Então a resposta é clara: sínteses. Estamo-nos a afogar em informação, embora estejamos sedentos de saber. De agora em diante o mundo será governado por ‘especialistas em sintetizar’, gente capaz de reunir a informação adequada no momento adequado, opinar criticamente sobre ela, e tomar decisões importantes e inteligentes’. (Wilson 1998A, p300).
Fonte recomendada:
P. Gilster (1997), Digital literacy, Wiley, New York NY.