segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A agência da criança

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"(...) queria chamar a atenção para uma questão muito importante: a agência da criança. É importante perceber que as crianças são pessoas e são pessoas com capacidade de agência. Houve uma primeira fase de tomada de conhecimento, de exploração, mas depois elas agiram de forma intencional, criando as suas estratégias de integração, fossem a nível académico ou de interação social. E inclusivamente aproveitaram situações criadas pela escola para, de uma forma muito intencional e muito criativa, se tornarem agentes dentro da escola.Falo, por exemplo, das atividades para-curriculares, que podem partir da sala de aula, de professores ou de estruturas da escola. Dou como exemplo a semana da leitura, um acontecimento a nível nacional, com data marcada, para promover o gosto pela leitura. Normalmente, as escolas são muito dinâmicas nesta semana e criam atividades muito interessantes, mas as crianças levaram muito mais longe as propostas que lhes eram lançadas. Nesta escola, por exemplo, uma das coisas que se costuma que se costuma fazer é o convite para as crianças irem ler a outras. E estas crianças levaram isso mais longe do que é habitual; elas quiseram ir ler não apenas a uma ou outra turma, mas também a uma escola próxima que tinha 1º ciclo. E correu tudo muito bem. Como era uma turma de Música, eles quiseram noutras atividades criar músicas para intervirem em acontecimento da escola. E mesmo quando estavam a criar aqueles truques elas estavam a agir intencionalmente e de uma forma reflexiva. Tinham analisado os recursos que tinham à mão e tinham visto quais as formas de poder contornar para atingirem os seus objetivos. Portanto, é importante perceber que a criança é realmente uma pessoa com capacidade de agência e que é preciso ouvir o que elas têm a dizer."
Fonte: entrevista de Maria João Leite (texto) e Ana Alvim (fotos)
in A Página da Educação, nº 214 (Inverno 2019), p. 36-39 https://www.apagina.pt/?aba=2 
Armanda Zenhasdefendeu em 2020 tese de doutoramento na Faculdade e psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto "A experiência de crianças na sua integração numa nova escola e num ano de transição de ciclo". Estudou grupos do 5º ano de escolaridade.

Dez anos antes, escrevia:
"A minha profissão está a perder alma. A escola está a perder alma. Eu estou a perder alma. Cada novo diploma legal (e são tantos) acrescenta mais um tanto de burocracia à profissão, com o argumento do rigor."
https://www.educare.pt/opiniao/artigo/ver/?id=12052&langid=1

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